19 de set. de 2010

QUALIDADE DE UM BOM MÉDIUM

Hoje, vamos começar nosso estudo ouvindo o médium e grande divulgador da Doutrina Espírita, Divaldo Pereira Franco.



Kardec nos esclarece no livro dos Médiuns, cap. VXI, Médiuns Especiais:

A natureza das comunicações guarda sempre relação com a natureza do Espírito e traz o cunho da sua elevação, ou da sua inferioridade, de seu saber, ou de sua ignorância.


Para que uma comunicação seja boa, preciso é que proceda de um Espírito bom; para que esse bom Espírito a POSSA transmitir indispensável lhe é um bom instrumento; para que QUEIRA transmiti-la, necessário se faz que o fim visado lhe convenha.

Dessa maneira, Emmanuel, esclarece que a primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão. (O Consolador, Emmanuel/Chico Xavier)

As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade, a  benevolência, a simplicidade do coração, o amor do próximo, o desprendimento das coisas materiais.

Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria.

O desenvolvimento da mediunidade guarda relação com o desenvolvimento moral dos médiuns? (O Livro dos Médiuns, cap. XX, item 226)

"Não; a faculdade propriamente dita se radica no organismo; independe da moral. O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mau, conforme as qualidades do médium."

A mediunidade está ligada ao corpo pelo espírito que a ele se liga, mas não pertence ao corpo e sim ao perispírito, enquanto estivermos encarnados faz parte do corpo e permite a ligação do espírito comunicante com o perispírito do médium. A questão moral não surge da faculdade mediúnica mas da sua consciência. (mediunidade, Herculano Pires)

Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade.

A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam.

Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evocados.

Sob o ponto de vista da assistência espiritual, contudo, o fator moral é indispensável. Médiuns moralizados contam com o amparo de Espíritos Superiores.

O médium moralizado terá a vida de um homem de bem. Será humilde, sincero, paciente, perseverante, bondoso, estudioso, trabalhador, desinteressado.

Quanto mais se lhe acentuam o aperfeiçoamento e a abnegação, a cultura e o desinteresse, mais se lhe sutilizam os pensamentos, e, com isso, mais se lhe aguçam as percepções mediúnicas, que se elevam a maior demonstração de serviço, de acordo com as suas disposições individuais.

Pergunta a Divaldo Franco: Qual a importância do estudo para a prática mediúnica?

O sentir que caracteriza a experiência dos médiuns representa apenas o ponto de partida para a comunicação, mas não o processo inteiro. Se o médium tem experiência, se armazenou informações ao longo do tempo, isso facilitará a comunicação por seu intermédio.

Kardec pergunta (O Livro dos Médiuns, cap. XX, item 226):

Sempre se há dito que a mediunidade é um dom de Deus, uma graça, um favor. Por que, então, não constitui privilégio dos homens de bem e por que se vêem pessoas indignas que a possuem no mais alto grau e que dela usam mal?

"Todas as faculdades são favores pelos quais deve a criatura render graças a Deus, pois que homens há privados delas. Poderias igualmente perguntar por que Concede Deus vista magnífica a malfeitores, destreza a gatunos, eloqüência aos que dela se servem para dizer coisas nocivas. O mesmo se dá com a mediunidade. Se há pessoas indignas que a possuem, é que disso precisam mais do que as outras, para se melhorarem. Pensas que Deus recusa meios de salvação aos culpados? Ao contrário, multiplica-os no caminho que eles percorrem; põe-nos nas mãos deles. Cabe-lhes aproveitá-los. Judas, o traidor, não fez milagres e não curou doentes, como apóstolo? Deus permitiu que ele tivesse esse dom, para mais odiosa tornar aos seus próprios olhos a traição que praticou."


O QUE FAZ UM MÉDIUM FRACASSAR

A partir dessa compreensão, fica claro que todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais facilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma.

O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um viu humilhado por amaríssimas decepções.

Portanto, o primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Freqüentemente é o personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, o conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos.

O orgulho, nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito tanto mais necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais fortes de suspeição, no tocante à veracidade de suas comunicações.

Começa por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e na infalibilidade do Espírito que lhas dá. Daí um certo desdém por tudo o que não venha deles: é que julgam ter o privilégio da verdade.

O prestígio dos grandes nomes, com que se adornam os Espíritos tidos por seus protetores, os deslumbra e, como neles o amor próprio sofreria, se houvessem de confessar que são ludibriados, repelem todo e qualquer conselho; evitam-nos mesmo, afastando-se de seus amigos e de quem quer que lhes possa abrir os olhos. Se condescendem em escutá-los, nenhum apreço lhes dão às opiniões, porquanto duvidar do Espírito que os assiste fora quase uma profanação.

Aborrecem-se com a menor contradita, com uma simples observação crítica e vão às vezes ao ponto de tomar ódio às próprias pessoas que lhes têm prestado serviço. Por favorecerem a esse insulamento a que os arrastam os Espíritos que não querem contraditores, esses mesmos Espíritos se comprazem em lhes conservar as ilusões, para o que os fazem considerar coisas sublimes as mais polpudas absurdidades. Assim, confiança absoluta na superioridade do que obtém, desprezo pelo que deles não venha, irrefletida importância dada aos grandes nomes, recusa de todo conselho, suspeição sobre qualquer crítica, afastamento dos que podem emitir opiniões desinteressadas, crédito em suas aptidões, apesar de inexperientes: tais as características dos médiuns orgulhosos.

Devemos também convir em que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso. Mais de uma vez tivemos motivo de deplorar elogios que dispensamos a alguns médiuns, com o intuito de os animar.

Algumas perguntas feitas por Kardec aos Espírtos Superiores:

• Os médiuns, que fazem mau uso das suas faculdades, que não se servem delas para o bem, ou que não as aproveitam para se instruírem, sofrerão as conseqüências dessa falta?



"Se delas fizerem mau uso, serão punidos duplamente, porque têm um meio a mais de se esclarecerem e o não aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais censurável do que o cego que cai no fosso."



• Há médiuns aos quais, espontaneamente e quase constantemente, são dadas comunicações sobre o mesmo assunto, sobre certas questões morais, por exemplo, sobre determinados defeitos. Terá isso algum fim?


"Tem, e esse fim é esclarecê-lo sobre o assunto freqüentemente repetido, ou corrigi-los de certos defeitos. Por isso é que a uns falarão continuamente do orgulho, a outros, da caridade. E que só a saciedade lhes poderá abrir, afinal, os olhos. Não há médium que faça mau uso da sua faculdade, por ambição ou interesse, ou que a comprometa por causa de um defeito capital, como o orgulho, o egoísmo, a leviandade, etc., e que, de tempos a tempos, não receba admoestações dos Espíritos. O pior é que as mais das vezes eles não as tomam como dirigidas a si próprios."


• Visto que as qualidades morais do médium afastam os Espíritos imperfeitos, como é que um médium dotado de boas qualidades transmite respostas falsas, ou grosseiras?



"Conheces, porventura, todos os escaninhos da alma humana? Demais, pode a criatura ser leviana e frívola, sem que seja viciosa. Também isso se dá, porque, às vezes, ele necessita de uma lição, a fim de manter-se em guarda."



• Por que permitem os Espíritos superiores que pessoas dotadas de grande poder, como médiuns, e que muito de bom poderiam fazer, sejam instrumentos do erro?


"Os Espíritos de que falas procuram influenciá-las; mas, quando essas pessoas consentem em ser arrastadas para mau caminho, eles as deixam ir. Daí o servirem-se delas com repugnância, visto que a verdade não pode ser interpretada pela mentira".

 
• Será absolutamente impossível se obtenham boas comunicações por um médium imperfeito?

"Um médium imperfeito pode algumas vezes obter boas coisas, porque, se dispõe de uma bela faculdade, não é raro que os bons Espíritos se sirvam dele, à falta de outro, em circunstâncias especiais; porém, isso só acontece momentaneamente, porquanto, desde que os Espíritos encontrem um que mais lhes convenha, dão preferência a este."

 
• Qual o médium que se poderia qualificar de perfeito?

"Perfeito, ah! bem sabes que a perfeição não existe na Terra, sem o que não estaríeis nela. Dize, portanto, bom médium e já é muito, por isso que eles são raros. Médium perfeito seria aquele contra o qual os maus Espíritos jamais ousassem, uma tentativa de enganá-lo. O melhor é aquele que, simpatizando somente com os bons Espíritos, tem sido o menos enganado."

Agora dá para entender a orientação de Emmamuel para o  médium Chico Xavier:

DISCIPLINA, DISCIPLINA E DISCIPLINA

Disciplina significa: relação de subordinação ao mestre ou ao instrutor; observâncias de preceitos ou normais; submissão a um regulamento.

Que Jesus nos abençoe.


Genilda Medeiros
Juventude Casa dos Humildes


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